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O significado constitucional da vida de cada um de nós

Nestes tempos difíceis, a morte tem estado muito presente. Em dias como os atuais em que flertamos diariamente com ela, está a emergir a forte consciência da nossa mortalidade e através dela fica realçada a relevância da nossa vida e daqueles que amamos. Diante desta realidade torna-se fácil perceber que a nossa vida é escrita diariamente e nos cabe, no plano pessoal, a busca da felicidade; e, na perspectiva nacional, construir a nossa história, a nossa lenda em prol de todos, da melhor forma possível.

Não devemos deixar a nossa vida simplesmente acontecer, muito há o que fazer para o reinado da Luz. O império do mal está ativo. Temos que nos associar à falange do bem, sermos proativos, desarmar e recuperar pela iluminação os principados e as potestades das trevas. Ninguém é descartável e a nossa missão é resgatar a todos.

A cada dia vivido nos cabe edificar a dignidade de todos, a nossa, a de quem somos responsáveis e a dos demais para quem possamos contribuir. Nos cabe dar à nossa vida significado; e, pela morte deixar um legado e, por conta dele, uma trilha para quem fica, em especial para os jovens, as crianças e as futuras gerações.

A propósito, para nós brasileiros, está escrito em nossa Constituição Federal, que clama pela proteção de Deus, que o significado nacional da vida de cada um de nós é a participação ativa e colaborativa na conquista dos objetivos fundamentais de construir uma sociedade livre, justa, solidária e desenvolvida, erradicadora da pobreza e da marginalização, redutora das desigualdades sociais e regionais e promotora do bem de todos, sem preconceito ou discriminação.

Por evidente que, esta conquista não é tarefa de uma vida, mas sim de várias vidas, em um épico movimento horizontal que envolve a todos os brasileiros, caminhando para frente, sem polarização, numa corrente geracional de união, pela qual chegaremos lá.

Com efeito, no dia 16 de maio de 2021, nos deixou o Professor Doutor António Carlos Mendes da PUCSP e da USP; e o nosso Prefeito Bruno Covas. Ambos vão deixar saudades e, de fato, deixam este legado e nele esta lição. Cada um deles, ao seu jeito, contribuiu concreta e decisivamente para a conquista destes nossos objetivos magnos.

O Professor António Carlos atuou diretamente na democratização nacional e lecionou Direito Constitucional por mais de 40 anos, na PUCSP, onde começou em 1978. Participou na formação de toda uma geração de constitucionalistas e eu mesmo fui seu aluno em 1986, ano em que ocorreram as eleições dos parlamentares que iriam compor a Assembléia Nacional Constituinte de 1987. Foi um jurista e um ser humano maravilhoso, sempre sereno, gentil e equilibrado. O Brasil, a nossa Democracia, a PUCSP e a USP, eu como seu aluno e tantos outros, devemos muito a ele.

Já o nosso Prefeito Bruno Covas foi um político notável, cumpridor do legado deixado por seu avô. Mesmo acometido deste terrível câncer que o levou a óbito, Bruno, com coragem e determinação, não abriu mão de cumprir seu compromisso público e geriu a nossa Cidade de São Paulo neste período tão desafiador. Se submeteu ao escrutínio popular e venceu as eleições municipais no mais legítimo referendo democrático de seu governo municipal. Foi ele que autoproclamou a Cidade São Paulo como Capitalista Humanista, ao sancionar a Lei Municipal nº 17.481/20, que, no âmbito da Declaração da Liberdade Econômica estabelecendo as garantias de livre mercado, instituiu o princípio do Capitalismo Humanista como orientador da ordem econômica da nossa Metrópole paulistana.

Não morreram, o mito deles está vivo, há o legado, a obra e o testemunho de vida de cada um.

Que assim seja com todos nós!

Ricardo Sayeg Diretor do PPGD da UNINOVE e Professor Livre-Docente da PUC-SP

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